A 6 de fevereiro celebra-se a 21.ª edição do Dia da Internet Mais Segura (SID). Este assume-se como uma campanha anual de sensibilização, para promover a utilização segura e responsável das tecnologias e Internet, particularmente entre as crianças e os jovens.
E, claro está, como não podia deixar de ser, se há povo talhado para Navegar com sucesso somos Nós!
É certo que por hoje, para nos mantermos à tona, as impactantes naus e caravelas que outrora Nos permitiram rasgar mundo afora, têm de se apresentar sob a forma de sofisticados equipamentos.
E, neste porto em particular, atraco um parêntesis para pontuar a desmesurada apetência do mercado em seduzir os menos experientes na arte de navegar com recorrentes novidades de robustos CPU’s cravejados de núcleos; RAMs e ROMs de dimensões sem terra à vista e, como não podia deixar de ser, ecrãs de alta resolução e colunas de extraordinária fidelidade, para uma experiência sensorial completa!
Mas isso chegará para que se evite naufragar?
Bem, em águas cada vez mais revoltas, onde um inadvertido clique nos pode conduzir a terras desconhecidas ou a encalhar em recifes traiçoeiros, e onde as tempestades perfeitas fazem ecoar mitos e lendas que se condensam nos desafios contemporâneos do online, mais do que equipamentos, urge um plano educacional, a consciencialização recorrente e o acompanhamento parental, com o devido suporte emocional, que sirvam de quadrante aos nossos mais pequenos marujos, que cada vez mais se aventuram em mares nunca dantes navegados!
“Que mortes, que perigos, que tormentas, // Que crueldades neles experimentas!”
Estas poderiam muito bem ser as palavras dos novos Velhos do Restelo que, em plena era digital, ainda seguem firmemente convictos numa peculiar e temerária relutância a embarcar na aceitação plena que as tecnologias e Internet, com agilidade e porque não até mesmo comodidade, disponibilizam e permitem alavancar novas rotas de comunicação; entretenimento; estudo e pesquisa; desenvolvimento pessoal e criativo!
E se, a bombordo, creio que não devamos ser opositores a que crianças e jovens possam aproveitar estes ventos tecnológicos, a estibordo, compreendo a crítica e visão mais pessimista de que novas ideias, mudanças e avanços tecnológicos são alvo. Não porque na sua essência sejam maus, de facto, mas não seria legítimo não reconhecer que, não raras vezes, trazem muitos perigos ancorados!
O cyberbullying; a exposição a conteúdo inapropriado; a dependência tecnológica e/ou das redes sociais; a divulgação de informações pessoais e familiares que se concretizam na violação da privacidade; os distúrbios de imagem; o assédio; o incentivo a comportamentos perigosos; a desinformação e manipulação de caráter e opinião; e os consequentes problemas de saúde mental são apenas alguns dos exemplos deste novo cabo Tormentório.
Com isto, julgo que a educação digital de forma transversal, tal como a comunicação aberta e clara, complementada com a supervisão ativa, muita atenta às atitudes e comportamentos, e, por fim, o estabelecimento de fronteiras temporais para a navegação são, sem sombra de dúvida, princípios que deverão constar da carta náutica passada aos mais novos.
Claro que no campo tecnológico existirão ainda algumas boias de salvação, como as configurações de privacidade, segurança e conteúdo; ou até mesmo os mecanismos de controlo parental mais restritos para a monitorização de amizades online; aplicações; jogos, sites visitados e até dos próprios equipamentos; que poderão, em último, recurso evitar naufrágios, mas mais importante de tudo será, com certeza, Ensiná-los a Navegar!