Web Summit: o que queremos ser. A propósito da permanência da Web Summit em Lisboa por mais 10 anos, Pedro Afonso, CEO da Axians Portugal, reflete sobre os impactos deste grande evento no nosso país.
Estamos já na 3ª edição do Web Summit em Lisboa. A organização revela que vai ficar no nosso país até 2028. São boas notícias.
Há quem questione o valor que fica para Portugal depois dos eventos. Eu, como dizia alguém com quem trabalhei há muitos anos, “prefiro relacionar-me com o lado positivo dos temas e das Pessoas”.
Temos de reconhecer que este megaevento contribui decisivamente para Portugal se posicionar como um país-marca “enabler” de tecnologia no mundo.
De facto, para além da promoção turística além-fronteiras e das consideráveis receitas que dela resultam, traz ainda empreendedores, investidores, gurus e muitas outras figuras de relevo, sinalizando o princípio de um caminho que temos de percorrer para fazermos acontecer a digitalização.
É certo que, antes deste fenómeno, já muitos empreendedores, incubadoras, startups e empresas percorriam este caminho. Mas esse trabalho é agora mais visível e potenciado.
Muitas organizações já tomaram consciência de que, para acompanharem a revolução tecnológica em curso, têm de repensar a forma como se relacionam com os seus públicos – colaboradores, parceiros, clientes, utentes – e abraçar a tecnologia como um veículo para os servir melhor. Para surfar a onda, devemos lembrar-nos de que a revolução digital depende 90% das pessoas e apenas 10% da tecnologia. Assim, o esforço deve ser dirigido para as soluções e para a forma como a tecnologia pode ser um meio em vez de um fim.
Ao invés de ficarmos presos aos chavões da moda – a internet das coisas, a inteligência artificial, os robots – habitualmente incompreendidos pelo cidadão comum, aproveite-se o talento jovem
Os profissionais experientes e a excelente plataforma académica e tecnológica do país. Isto se quisermos estar na linha da frente deste processo, levando o nosso conhecimento e aprendizagens a outras geografias.
Passaram-se três anos desde a primeira Web Summit “portuguesa” e o país “criou” três novos unicórnios – a Farfetch, a OutSystems e a TalkDesk. São as embaixadoras do Portugal Tecnológico. Os seus fundadores e as suas equipas merecem o mais profundo respeito e admiração de todos os portugueses. São motivo de orgulho para todos e contribuem para vender a marca Portugal lá fora. Todos beneficiamos com isso. Merecem um enorme Muito Obrigado, porque, em Portugal, reconhecemo-nos pouco uns aos outros. Eles são muito relevantes!
Porém, as três realidades acima mencionadas são ainda muito distantes do todo nacional. É certo que o próprio Estado está a fazer um importante trabalho de modernização, através da recuperação do programa Simplex e da estratégia para a Industria 4.0, dando, assim, o exemplo.
Há ainda muitos setores de atividade e organizações que revelam resistência em acompanhar o paradigma digital.
Que junta a alavanca tecnológica à necessidade de clientes e cidadãos se relacionarem de forma diferente com as instituições. Isto é bem diferente de apenas digitalizar os processos de negócio. Implica pensar a digitalização como parte integrante daquilo que uma organização quer SER.
Para os menos atentos estamos a viver a 4ª revolução industrial. Devemos, por isso, encarar de frente esta grande oportunidade para projetarmos as nossas organizações a 5, 10 ou 15 anos, focando no que é intemporal, em vez de focar apenas no que são as modas de cada momento.
A 4ª revolução industrial é uma viagem e não um destino. A Web Summit é um programa de vários momentos que faz sentido nesta viagem de Portugal – que se quer inclusivo – mais digital. É esta marca Portugal que devemos ambicionar. Em vez de criticar, devemos abraçar. Em vez de esperar, devemos avançar. Em vez de olhar para o que podíamos ganhar, devemos olhar para o que queremos ser. Sejamos Relevantes!